Vom 5. bis 7. Juli 2019 haben 300 Frauen vom Oberen, Mittleren und Unteren Tapajós im Dorf Nova Trairão die I. Vollversammlung der Munduruku-Frauen abgehalten. Dies ist die deutschsprachige Übersetzung des Abschlussdokuments.
Wir bemalen uns wie die Kriegerin Wakoborun, Wir Munduruku-Frauen vom
Oberen, Mittleren und Unteren Tapajós, zusammen mit unseren Verwandten
Kumaruara, Arapiuns, Borari, Tupinambá, Guarani und Kaiowa, haben wir
die I. Vollversammlung der Munduruku-Frauen im Dorf Nova Trairão vom 5.
bis 7. Juli 2019 abgehalten. Fast dreihundert Menschen waren anwesend,
fünfundvierzig Dörfer vom Mittleren und vom Oberen Tapajós waren
vertreten, darunter der Kazike Arnaldo Kaba sowie Vertreter der Verbände
Pariri, Wuyxaxima und Cimat. Wir haben diesen wichtigen Moment
geschaffen, um den Widerstand von Kriegerinnen, Schamanen, Kriegern und
Häuptlingen fortzusetzen. Wir werden immer über unseren Kampf sprechen
und uns um unsere Gebiete kümmern, die jetzt krank sind von Invasionen,
vom Quecksilber, werden sprechen über die Verseuchung und Vergiftung
unserer Kinder und Flüsse. Und wir werden standhaft bleiben, ohne jemals
über unser Territorium, unser Leben und die Zukunft unseres Volkes zu
verhandeln.
Wir fordern von den Unternehmen und der Regierung, dass sie unsere Lebensweise und unsere Entscheidungen respektieren, wie es im Protokoll über die Konsultation mit dem Munduruku-Volk steht.
Sie haben bereits die Dämme in unserem Gebiet auf dem Fluss Teles Pires
gebaut und unsere heiligen Stätten Karobixexe und Dekoka’a zerstört.
Wir werden nicht aufgeben, von der Regierung und den Unternehmen, die
die Häuser unserer Geister zerstört haben, zu verlangen, dass sie unsere
heiligen Urnen in unser Gebiet zurückbringen, sonst werden wir auch
unter diesen Folgen leiden.
Wir haben diesen Moment des Widerstands
geschaffen. Wir planen Projekte, um mehr und mehr Autonomie für unseren
Kampf zu schaffen. Wir arbeiten zusammen bei der Erstellung unseres
Lebensplans, in Gruppen, in denen wir uns gegenseitig austauschen, um
die Zukunft unserer Generationen zu sichern, indem wir unser Handwerk,
die Agrarökologie und die Rechte unserer Lehrerinnen und Lehrer stärken,
die für unsere indigenen Schulen neue Grundlagen brauchen, damit wir
dort mehr Autonomie haben, um mit und in unserer Kultur und unserer
Identität zu arbeiten.
Es war ein sehr starker Moment für uns alle in
der Vollversammlung, vor allem der Erfahrungsaustausch mit den
Verwandten der Guarani und Kaiowa, die uns von ihrem Kampf in Mato
Grosso do Sul erzählten, wo ihr Land von den Großbauern gestohlen wurde.
Der Mut der Verwandten hat uns sehr berührt, und wir sind sehr
geschockt über die Gewalt, die sie durch die Bauern, die Regierung und
die Polizei erleiden, wenn sie für die Rückeroberung ihres Landes
kämpfen. Wir haben gesehen, dass unser Kampf ein einziger ist und dass
wir indigene Völker ohne Kampf nichts erreichen.
Jetzt wollen sie
einen anderen heiligen Ort plattmachen: Daje kapap Eipi. Wir werden
immer weiter für die Abgrenzung unseres Landes Sawre Maybu, Sawre Jaybu,
Sawre Apompu und anderer Gebiete kämpfen. Wir leiden unter diesen
Gesetzen des Todes, die uns von unseren Wurzeln reißen wollen.
Unsere
in der Verfassung verbrieften Rechte sind das Ergebnis eines langen
Kampfes derer, die vor uns kämpften. Wir werden weiterhin für unsere
Rechte kämpfen, für unsere Kinder und Enkelkinder. Wir bauen
Lebensweisen auf, und wir werden nicht aufhören, auch nicht mit unter
dieser aktuellen Regierung, die uns hasst und unseren Tod will. Wir
werden weiter für unser Territorium, für unsere Wälder, für unseren
Fluss kämpfen, der wie das Blut ist, das in unserem Körper fließt, das
unserem Volk Kraft gibt, sich zu wehren. Sawe!
Aldeia Nova Trairão, 7. Juli 2019
Carta em português:
Carta da I Assembleia das Mulheres Munduruku
Pintamos como a
mulher guerreira Wakoborun, nós mulheres munduruku do alto, médio e
baixo Tapajós, junto com os parentes Kumaruara, Arapiuns, Borari,
Tupinambá, Guarani e Kaiowa tivemos a I Assembleia de Mulheres
Munduruku, na aldeia Nova Trairão, de 05 a 07 de julho 2019. Contou com a
presença de quase trezentas pessoas, quarenta e cinco aldeias do médio e
alto Tapajós, incluindo a presença do cacique geral Arnaldo Kaba,
representações das associações Pariri, Wuyxaxima, Cimat. Construímos
esse momento importante para continuar a resistência das mulheres
guerreiras, pajés, guerreiros e caciques. Nós sempre vamos falar da
nossa luta e cuidar dos nossos territórios, que agora ele está doente
pelas invasões, pelo mercúrio, contaminando e envenenando as nossas
crianças e os nossos rios. E vamos continuar firmes, sem negociar jamais
o nosso território, a nossa vida e o futuro do nosso povo.
Exigimos
que empresas e o governo respeitem nosso modo de vida, nossas decisões,
como está no protocolo de consulta do povo Munduruku. Já construíram as
barragens no nosso território no Teles Pires, e destruíram os nossos
locais sagrados Karobixexe e Dekoka’a. Nós não vamos desistir de exigir
que o governo e as empresas que dinamitaram a morada dos nossos
espíritos, devolvam ao nosso território nossas urnas sagradas, senão nós
vamos sofrer também com essas consequências.
Nós construímos esse
momento para resistência. Pensamos em projetos para construirmos cada
vez mais autonomia para nossa luta. Trabalhamos juntos na construção do
nosso plano de vida, com grupos de trocas para garantir o futuro das
nossas gerações, fortalecendo o nosso artesanato, a agroecologia, os
direitos de nossos professores e professoras que precisam de
regularização das escolas indígenas para terem mais autonomia para
trabalhar com a cultura e com nossa identidade.
Um momento muito
forte para todos nós, na Assembleia, foi a troca de experiência com as
parentes Guarani e Kaiowa, que nos contaram da sua luta no Mato Grosso
do Sul, onde as suas terras foram roubadas para os fazendeiros. Ficamos
muito emocionados com a coragem das parentes e a violência que sofrem
com os fazendeiros, o governo, a polícia, nas retomadas de terras. Vimos
que a nossa luta é uma só, e que sem luta, nós indígenas não
conseguimos nada.
Agora querem acabar com mais um local sagrado: Daje
kapap Eipi. Nós vamos sempre continuar na luta pela demarcação das
nossas terras Sawre Maybu, Sawre Jaybu, Sawre Apompu e outros
territórios, que nós sofremos com essas leis de morte querendo arrancar a
nossas raízes.
Os nossos direitos que estão na Constituição são
resultado de muita luta dos que vieram antes de nós. Vamos continuar
lutando por eles, pelos nossos filhos e netos. Estamos construindo
caminhos de vida, e não vamos parar, mesmo com esse governo que nos
odeia e quer a nossa morte. Nós vamos continuar lutando pelo nosso
território, pelas nossas florestas, pelo nosso rio que é como o sangue
que corre no nosso corpo, que dá força para o nosso povo resistir. Sawe!
Aldeia Nova Trairão, 7 de julho de 2019
// Übersetzung: christian russau